Pode a moda ser sustentável? (Parte 2)

Filha mais velha de uma costureira, Helena Antónia cresceu a usar roupa transformada, o que influenciou totalmente  a forma como encara a roupa e a sua relação com as pessoas que a fazem. É esse olhar profundamente criativo, valorativo e transformador que está também presente no seu projeto Vintage for a Cause. É uma plataforma colaborativa que assenta nos princípios do reaproveitamento de desperdício têxtil e da inclusão.  Desde 2012,  numa lógica de economia circular, a sua base assenta na criação de produto – roupa de mulher de estilo urbano e intemporal -, feito com desperdício têxtil e stock morto de outras marcas; com modelo de design colaborativo e circular, ou seja, tendo assinatura de vários designers, tendo em mente o máximo de incorporação de desperdício nas peças. Por outro lado, estas vendas revertem na íntegra para ocupar mulheres desempregadas acima dos 50 anos fora da vida ativa, através de workshops de reaproveitamento de roupa usada e materiais inutilizados, com o propósito de exibirem num desfile e sessão fotográfica as suas criações, passando, numa segunda fase, a serem facilitadoras de workshops para outras senhoras da mesma idade.

O objetivo é essencialmente melhorar a auto-estima, a saúde mental e o bem-estar e criar uma rede de suporte para este público maioritariamente em risco de isolamento e exclusão por perda de papéis na sociedade, sobretudo, por desemprego, divórcio, viuvez. Nestes grupos são ainda sinalizadas costureiras com perfil de empregabilidade, a quem se entrega a produção das peças, num regime mais adequado ao seu ritmo, objetivos e pago de forma justa. A VFAC integra ainda uma vertente educacional e de sensibilização concretizada via comunicação e realização de workshops de upcycling  e eventos como a organização da Fashion Revolution no Porto, em parceria com a Fashion Revolution Portugal. Os resultados da monitorização do seu impacto impressionam e são uma inspiração: desde o início, em 2013, a Vintage For a Cause já contribuiu para uma poupança de cerca de 1000 kg de desperdício têxtil, 3 milhões litros de água e 7 mil kg de dióxido de carbono.

Muito obrigada, querida Antónia, pelo teu exemplo extraordinário. Só queremos que o teu projeto chegue a cada vez mais pessoas e que seja uma inspiração para quem quer olhar para a moda de forma circular e contribuir para a redução da pegada carbónica da indústria têxtil. Porque, como mostras bem, é possível a moda ser sustentável. A Vintage é a melhor prova disso.

A voz ao comando, como sempre, é da Paula Cordeiro, numa produção Streaming Ideas.

Esperamos que gostem!

Até já!

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