Houve um tempo em que as narrativas eram feitas dentro de nossos círculos familiares e de amizades, permitindo que entendêssemos como e onde nos encaixávamos dentro do mundo. E eram narrativas que misturavam fatos da realidade com histórias, tradições e lendas, não só do Brasil, mas de nossos antepassados.

Havia um tempo de maturação entre a história contada e o processamento da moral. Havia o retorno ao assunto, a paciência e a responsabilidade da experiência de quem já havia vivido o que contava.

E assim fui montando minha compreensão do mundo.

Hoje as narrativas familiares perderam espaço para uma cultura voltada ao consumo, que tem muita pressa. Se as histórias contadas por meu avô, meu tio, minha mãe e meu pai, queriam desenvolver meu senso moral, ajudando que eu encontrasse meu lugar no mundo, quem conta as histórias hoje quer que eu compre uma sandália, um shampoo, uma ação ou uma ideia. O dono da narrativa define o que é bom e o que é mau, de olho no meu bolso.

Uma criança com oito anos de idade, tendo na bagagem umas 8 mil horas de televisão, mais 8 mil de internet, está anos luz à frente do ingênuo Lucianinho lá da Bauru de meio século atrás. Treinada, ela precisa de som, movimento, cores, velocidade e situações extremas. Encontra seu lugar no mundo baseada nas marcas dos produtos que usa, no vocabulário da tribo que escolheu, no comportamento que imita ídolos interessados na troca de produtos por dinheiro.

E assim ela cresce, exposta às cores, aos barulhos, ao excesso e à gritaria de gente sem experiência de vida, que tenta a convencer que problemas complexos têm soluções simplórias. E o discurso deles é sempre muito, muito sedutor, otimista. Fácil de entender.

Eles têm pressa, muita pressa.

A pressa que meu avô não tinha.

 

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